Mesmo distante, as disputas municipais começam a se desenhar no cenário político do Distrito Federal e da região do Entorno. O governador do DF, Ibaneis Rocha, por exemplo, pretende consolidar parcerias e projetos com cidades como Águas Lindas
Encontro entre o governador do DF, Ibaneis Rocha, e o de Goiás, Ronaldo Caiado: integração em regiões vizinhas à capital federal(foto: Minervino Junior/CB/D.A Press - 22/8/19 )
Por Agatha Gonzaga
A menos de um 11 meses das definições partidárias para os próximos representantes municipais — o calendário eleitoral determina que as convenções das legendas ocorram entre 20 de julho e 5 de agosto de 2020 —, apesar de ainda não se ter nomes indicados para a disputa, a movimentação política começa a aparecer não só dentro das sedes goianas e mineiras vizinhas ao Distrito Federal, como também no meio de políticos do DF.
A eleição de 4 de outubro de 2020 pode não ser no quadrado brasiliense, mas, ainda assim, está diretamente conectada aos interesses políticos e econômicos da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride). Área que engloba 29 municípios goianos, o DF e quatro municípios mineiros. Só no Entorno, são 12 cidades que somam mais de 600 mil eleitores e dividem com a capital infraestrutura, transporte, saúde, educação, segurança pública, entre outros.
A título nacional, tradicionalmente, os partidos veem nesta relação uma oportunidade para alinhar os interesses políticos entre as regiões. Por esse motivo, mesmo faltando pouco mais de um ano para o pleito de outubro de 2020, é hora de sentar e ajustar nomes. De acordo com o deputado distrital Chico Vigilante (PT), a sigla está próxima deste momento. “O Entorno é dependente do DF, portanto é preciso que a gente tenha prefeitos e vereadores que estejam sintonizados com as ideias e com as políticas da capital do país. Sempre estamos atuando em conjunto, e tão logo seja feita a eleição da diretoria do PT, agora na primeira quinzena de outubro, vamos pôr em pauta as eleições municipais”.
O MDB também tem data marcada para o assunto. De acordo com o deputado distrital Rafael Prudente, presidente regional do partido, a conversa inicial ocorre na primeira semana de outubro. “Com certeza está dentro da nossa área de atuação, mas só vamos ter qualquer direcionamento após a primeira executiva do nosso partido que está marcada para 6 de outubro”.
No caso do MDB, o interesse nas eleições municipais devem ser ainda maior, visto que governador do DF, Ibaneis Rocha, possui vários projetos em conjunto com o Entorno e precisa de governos municipais aliados para dar sequência ao andamento dos mesmos.
No último mês, Ibaneis se reuniu com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), para firmar parceria nas áreas de saúde, segurança pública e mobilidade urbana em Águas Lindas de Goiás. Entre as propostas mais avançadas ficou o projeto de inclusão do ônibus do Entorno ao sistema de integração da capital. “Os nossos secretários de Segurança estão reunidos para criar uma política de troca de informações, além de operações conjuntas para garantir a segurança da população que reside aqui”, acrescentou Ibaneis à época.
“A ideia é ajustar os detalhes deste seminário, que deve ocorrer em 3 de março do ano que vem. Mas vamos também debater o posicionamento que tomaremos frente a várias questões do governo, além de debater melhores estratégias para as eleições que estão por vir. Como membros aqui da Ride, vamos direcionar os diretórios para fazer ligações com as regiões do Entorno mais próximas, como a sede de Planaltina com Planaltina de Goiás e assim por diante”, completou.
Outro partido que deve vir em peso na corrida pelas prefeituras é o Partido Social Liberal (PSL), de Jair Bolsonaro. Segundo a presidente regional da legenda e deputada federal, Bia Kicis, o PSL tem se organizado de várias maneiras para se fortalecer. A última ação foi a campanha de filiação, iniciada em 17 de agosto, que incorporou mais de 188 mil associados. Um crescimento de 70%, atingindo 459 mil filiados. Dados disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral. “Para nós é realmente importante trabalhar esse fortalecimento partidário e essa relação do DF com o Entorno. Em breve devemos nos reunir para discutir de qual forma agir nestas eleições de 2020”, destacou.
Só em Goiás, o PSL conquistou, no dia 17, 8.524 filiados. Em Minas Gerais, quase o dobro: 16.483. A intenção dos dirigentes é chegar a 1 milhão de até as eleições de 2020.
Mas as definições de candidatura só devem ficar mais claras a partir de abril, período que antecede seis meses da eleição, e quando os partidos devem fazer as filiações políticas de acordo com os prazos eleitorais do TSE.
Para o cientista político Murilo Medeiros, da Universidade de Brasília (UnB), o interesse do DF nas eleições municipais do Entorno tem objetivo a longo prazo. Segundo ele, a influência de políticos da capital serve para deixar o nome na praça, para mais tarde, nas eleições de 2022 no DF, serem lembrados.
“Lideranças políticas locais costumam aproveitar as eleições do Entorno para medir forças, fortalecer estruturas partidárias e impulsionar a formação de lideranças partidárias ou, então, apadrinhar prefeitos de cidades importantes podem acelerar a montagem de grupos políticos e de base de apoiadores para as eleições futuras, até porque todo prefeito acaba influenciando direta ou indiretamente os seus eleitores, e vale destacar que segundo o TRE, só em 2018 mais de 40 mil eleitores transferiram seus títulos para o DF, ou seja, são 40 mil votos a mais em 2022”, explicou Medeiros.
E não é só a política do DF que é beneficiada por esse apoio. De acordo com o cientista, os futuros prefeitos dos municípios também têm interesse nesta troca. “Eu enxergo como um apoio mútuo. Para os prefeitos é interessante ter uma aproximação política com os representantes políticos de Brasília, para ter acesso a recursos, a infraestrutura, além de uma penetração melhor no Executivo Federal”, concluiu.
Fonte:Correio Braziliense
Por Agatha Gonzaga
A menos de um 11 meses das definições partidárias para os próximos representantes municipais — o calendário eleitoral determina que as convenções das legendas ocorram entre 20 de julho e 5 de agosto de 2020 —, apesar de ainda não se ter nomes indicados para a disputa, a movimentação política começa a aparecer não só dentro das sedes goianas e mineiras vizinhas ao Distrito Federal, como também no meio de políticos do DF.
A eleição de 4 de outubro de 2020 pode não ser no quadrado brasiliense, mas, ainda assim, está diretamente conectada aos interesses políticos e econômicos da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride). Área que engloba 29 municípios goianos, o DF e quatro municípios mineiros. Só no Entorno, são 12 cidades que somam mais de 600 mil eleitores e dividem com a capital infraestrutura, transporte, saúde, educação, segurança pública, entre outros.
A título nacional, tradicionalmente, os partidos veem nesta relação uma oportunidade para alinhar os interesses políticos entre as regiões. Por esse motivo, mesmo faltando pouco mais de um ano para o pleito de outubro de 2020, é hora de sentar e ajustar nomes. De acordo com o deputado distrital Chico Vigilante (PT), a sigla está próxima deste momento. “O Entorno é dependente do DF, portanto é preciso que a gente tenha prefeitos e vereadores que estejam sintonizados com as ideias e com as políticas da capital do país. Sempre estamos atuando em conjunto, e tão logo seja feita a eleição da diretoria do PT, agora na primeira quinzena de outubro, vamos pôr em pauta as eleições municipais”.
Projetos
O MDB também tem data marcada para o assunto. De acordo com o deputado distrital Rafael Prudente, presidente regional do partido, a conversa inicial ocorre na primeira semana de outubro. “Com certeza está dentro da nossa área de atuação, mas só vamos ter qualquer direcionamento após a primeira executiva do nosso partido que está marcada para 6 de outubro”.No caso do MDB, o interesse nas eleições municipais devem ser ainda maior, visto que governador do DF, Ibaneis Rocha, possui vários projetos em conjunto com o Entorno e precisa de governos municipais aliados para dar sequência ao andamento dos mesmos.
No último mês, Ibaneis se reuniu com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), para firmar parceria nas áreas de saúde, segurança pública e mobilidade urbana em Águas Lindas de Goiás. Entre as propostas mais avançadas ficou o projeto de inclusão do ônibus do Entorno ao sistema de integração da capital. “Os nossos secretários de Segurança estão reunidos para criar uma política de troca de informações, além de operações conjuntas para garantir a segurança da população que reside aqui”, acrescentou Ibaneis à época.
Seminário
Em Goiás quem deve correr para recuperar o poder nessas eleições municipais é o PSDB. Os tucanos deram a largada para as articulações da legenda com uma série de 25 encontros regionais. De acordo com o senador e presidente do PSDB-DF, Izalci Lucas, uma reunião executiva de nível nacional vem debatendo a organização de um grande seminário para alinhar o posicionamento da legenda ante algumas propostas do presidente Jair Bolsonaro, visando às eleições.“A ideia é ajustar os detalhes deste seminário, que deve ocorrer em 3 de março do ano que vem. Mas vamos também debater o posicionamento que tomaremos frente a várias questões do governo, além de debater melhores estratégias para as eleições que estão por vir. Como membros aqui da Ride, vamos direcionar os diretórios para fazer ligações com as regiões do Entorno mais próximas, como a sede de Planaltina com Planaltina de Goiás e assim por diante”, completou.
Outro partido que deve vir em peso na corrida pelas prefeituras é o Partido Social Liberal (PSL), de Jair Bolsonaro. Segundo a presidente regional da legenda e deputada federal, Bia Kicis, o PSL tem se organizado de várias maneiras para se fortalecer. A última ação foi a campanha de filiação, iniciada em 17 de agosto, que incorporou mais de 188 mil associados. Um crescimento de 70%, atingindo 459 mil filiados. Dados disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral. “Para nós é realmente importante trabalhar esse fortalecimento partidário e essa relação do DF com o Entorno. Em breve devemos nos reunir para discutir de qual forma agir nestas eleições de 2020”, destacou.
Só em Goiás, o PSL conquistou, no dia 17, 8.524 filiados. Em Minas Gerais, quase o dobro: 16.483. A intenção dos dirigentes é chegar a 1 milhão de até as eleições de 2020.
Alinhados
Em entrevista a um canal do YouTube, o presidente Bolsonaro chegou a declarar que pretende ajustar as ações do partido para conseguir o comando de mais prefeituras nas eleições municipais do ano que vem. “Estou acertando com o partido para ver se eu consigo ter a maioria das ações. Se eu tiver, quero me empenhar por algumas prefeituras e quem vai escolher, democraticamente, vai ser eu. O partido local vai ter sua participação, mas a palavra final vai ser nossa. Se não quiser, não tem problema nenhum. Não entro na campanha daquele município. O que eu quero é uma pessoa que tenha o coração verde e amarelo igual ao nosso”, disse.Mas as definições de candidatura só devem ficar mais claras a partir de abril, período que antecede seis meses da eleição, e quando os partidos devem fazer as filiações políticas de acordo com os prazos eleitorais do TSE.
Para o cientista político Murilo Medeiros, da Universidade de Brasília (UnB), o interesse do DF nas eleições municipais do Entorno tem objetivo a longo prazo. Segundo ele, a influência de políticos da capital serve para deixar o nome na praça, para mais tarde, nas eleições de 2022 no DF, serem lembrados.
“Lideranças políticas locais costumam aproveitar as eleições do Entorno para medir forças, fortalecer estruturas partidárias e impulsionar a formação de lideranças partidárias ou, então, apadrinhar prefeitos de cidades importantes podem acelerar a montagem de grupos políticos e de base de apoiadores para as eleições futuras, até porque todo prefeito acaba influenciando direta ou indiretamente os seus eleitores, e vale destacar que segundo o TRE, só em 2018 mais de 40 mil eleitores transferiram seus títulos para o DF, ou seja, são 40 mil votos a mais em 2022”, explicou Medeiros.
E não é só a política do DF que é beneficiada por esse apoio. De acordo com o cientista, os futuros prefeitos dos municípios também têm interesse nesta troca. “Eu enxergo como um apoio mútuo. Para os prefeitos é interessante ter uma aproximação política com os representantes políticos de Brasília, para ter acesso a recursos, a infraestrutura, além de uma penetração melhor no Executivo Federal”, concluiu.
Fonte:Correio Braziliense
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