segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Contestáveis-- Enxurrada de pesquisas eleitorais pode resultar em desinformação

oiás é o Estado que mais registra levantamento sobre intenção de votos. Mas o surgimento de empresas de pesquisas somente em período eleitoral coloca em xeque credibilidade das estatísticas

Por Marcos Aurélio Silva
Não é de hoje que institutos de pesquisas sofrem com crise de credibilidade. Isso é devido em parte pelas medições realizadas durante as eleições e que não condizem com o boca a boca e as discussões políticas. Mas esse descrédito também é alimentado pelo surgimento de empresas que não têm suas atividades relacionadas a estatísticas e despertam a desconfiança. Como estamos há poucos meses da eleição, já se vê a crescente propagação de números que apontam a preferência do eleitorado, muitos são resultados de metodologias que seguem regras impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), outros já se misturam às fake news.
Goiás é o Estado que mais registra pesquisas junto ao TSE. Só no mês de agosto foram 91. Para efeito de comparação, Minas Gerais, que tem 853 municípios (607 a mais do que em Goiás), registrou neste mês 36 pesquisas. São Paulo, que possui 645 cidades, relatou ao TSE 23 levantamentos neste período. Santa Catarina com 295 municípios, teve apenas 14 registros no decorrer deste ano.
A cada temporada eleitoral há uma enxurrada de pesquisas. Acompanhar esses dados a cada dois anos virou parte das nossas vidas. Ao mesmo tempo, como tudo que envolve política, as pesquisas geram desconfianças. Ainda mais quando são tantas, como ocorre em Goiás. É daí que o eleitor deve se perguntar: será que os números servem para informar ou manipular?
“As empresas que estão no mercado há um tempo fazem parte de uma associação de reconhecimento nacional. Ou seja, temos critério técnico e seguimos metodologias rigorosas. Mas o registro de pesquisa é permitido para qualquer um. Bastou ter um estatístico qualquer um produz pesquisa. Isso complica”, aponta o diretor do Grupom Consultoria e Pesquisa, Mário Rodrigues Filho.
Diretor do Grupom, Mário Rodrigues Filho  | Foto: Jornal Opção
O empresário avalia que a cada eleição surgem empresas cujo atividade principal não está relacionada a pesquisas e estatísticas, mas acabam divulgando números eleitorais. “Se abrir o site do TSE e analisar as pesquisas registradas em Goiás vai ver que são muitas. É um exagero. E muitas foram feitas por empresas que nem são do do setor”, diz. “As empresas que estão no mercado há 20 ou 30 anos não perderam a credibilidade. Mas essas outras que não têm como fim as pesquisas são um problema”, completa.
O diretor da Serpes Pesquisa e Opinião, Bráulio Martines, compartilha do mesmo ponto de vista. Ela avalia que com tantas pesquisas sendo feitas e muitas por empresas que não têm reconhecimento ou mesmo ligação com o mercado de estatísticas, resulta em descrédito. “Imagine que são tantas pesquisas e tantos resultados diferentes que as pessoas não sabem no que acreditar. A maioria das pesquisas não é para divulgar, é para consumo interno, mas mesmo o cliente não sabe em que números dá para confiar”, aponta.
O levantamento de intenção de voto não interessa apenas aos eleitores. Estatísticas sobre a eleição têm o poder, por exemplo, de moldar coligações. Neste sentido Bráulio enfatiza que não é só o eleitor que fica prejudicado com pesquisas que não seguem metodologias reconhecidas. Segundo ele, o próprio candidato pode perder o rumo da campanha ao confiar em números que não representam o resultado real. “A primeira palavra é honestidade. O resultado correto é o que tem que ser entregue ao cliente. Não se pode alterar ou fraudar pesquisas. Mas há pessoas que querem fazer isso. A resposta tem que ser não”, afirma. 
Por trás das pesquisas há uma matemática sólida e consistente. Mas o instituto que está a frente precisa seguir as metodologias e ser responsável para não transformar estatística em fake news. Empresas que já estão no mercado e possuem credibilidade colocam em prática algumas ações para dar confiabilidade aos seus levantamentos. Exemplo: antes da divulgação cerca 20% dos pesquisados são procurados, por telefone ou pessoalmente, para confirmar se foram entrevistados e se as respostas que eles deram batem com os questionários.
“As exigências da Justiça Eleitoral procuram assegurar que a pesquisa foi feita de forma mais científica possível, porque quando solta uma pesquisa ela tem efeito sobre o eleitor”, avalia o promotor eleitoral responsável pela Coordenadoria Estadual de Apoio aos Promotores Eleitorais do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Cassius Marcellus de Freitas.
Promotor eleitoral, Cassius Marcellus de Freitas | Foto: divulgação MP
As pesquisas eleitorais podem ser usadas para confundir as intenções de votos. “Tem uns [institutos] que a gente nunca ouviu falar e de repente aparecem com umas pesquisas mirabolantes. É interessante ter o histórico e saber como foi a participação em eleições anteriores. O eleitor precisa aferir a credibilidade. É importante que o eleitor que consumir essas informações se preocupe em saber a procedência, porque por vezes o instituto cumpre formalmente e exigências, mas não tem a credibilidade e metodologia para divulgar informação crível”, pontua Cassius Marcellus.
O promotor explica que em Goiás são 92 zonas eleitorais. Para cada uma há um promotor e um juiz responsável. O TRE fez uma divisão para que o trabalho de organização e fiscalização seja efetivo. Em Goiânia o registro e acompanhamento dos dados ficam a cargo da 1ª , 133ª e da 147ª zonas eleitorais. Quem tiver alguma denúncia a fazer pode fazer por meio do site do MP-GO, por meio do MP Cidadão, ou mesmo indo até a sede do Ministério Público. 

Regras para divulgação dos cálculos

A divulgação de pesquisa sem o prévio registro sujeita os responsáveis à multa no valor de R$ 53,2 mil a R$ 106,4 mil. Por outro lado, a divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no mesmo valor.
O critério para a aplicação da sanção é objetivo. Divulgou pesquisa não registrada e alguém representou, gera a multa ao candidato. “As pesquisas eleitorais precisam ser registradas perante a Justiça Eleitoral. O TSE disponibiliza no site para que essas pesquisas sejam registradas. Então o instituto tem que preencher alguns dados obrigatórios, e só cinco dias depois do registro da pesquisa é que ela pode ser divulgada”, lembra o professor e analista do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) Alexandre Francisco de Azevedo. 
Alexandre Francisco explica que o registro não é o resultado da pesquisa, mas os dados que se pretende colher com esse levantamento. Tem que ser repassado à corte eleitoral o período em que será feito o levantamento, quantidade de pessoas que serão ouvidas, a estimativa da faixa eleitoral e dos segmentos representados – mulheres, homens, escolaridade. Além disso precisa ser informado o estatístico responsável pela pesquisa, qual instituto fez o levantamento e quem está pagando pela pesquisa.
“Sempre digo que o eleitor precisa analisar bem as pesquisas que são apresentadas. Primeiro olhar a margem de erro. Se for muito alta é preciso desconfiar. Em segundo, precisa se atentar para o histórico do instituto. É preciso estar atento a confiabilidade e credibilidade”, ensina Alexandre Francisco.

Enquetes também tem limites 

De acordo com a Resolução 23.624 do TSE, o candidato tem até o dia 26 de setembro para realizar enquetes em relação à sua candidatura. Assim, vale o mesmo prazo final para os partidos políticos fazerem essa consulta informal ao eleitor.
As enquetes não precisam ser registradas na Justiça Eleitoral. Outra característica é a ausência de qualquer metodologia científica para embasar seus resultados. Então, os candidatos podem fazer suas enquetes em suas redes sociais, desde que não sejam impulsionadas. O patrocínio de candidato só está permitido a partir de 27 de setembro, desde que registrada no CNPJ da candidatura.
Ao juiz eleitoral cabe o exercício do poder de polícia contra a divulgação de enquetes, com a expedição de ordem para que seja removida, sob pena de crime de desobediência. Todavia, para aplicar multa depende de que seja apresentada representação por candidato, partido político ou Ministério Público Eleitoral.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Congresso promulga Fundeb permanente nesta quarta-feira

Ordem do dia. Presidente da Câmara dos Deputados, dep. Rodrigo Maia (DEM - RJ)
Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Rodrigo Maia fez homenagem especial à deputada Professora Dorinha, que relatou a proposta na Câmara


O presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre, convocou sessão solene para esta quarta-feira (26), às 11 horas, para a promulgação da emenda constitucional que torna permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb - EC 108/20). "Será um dia histórico para a educação básica do nosso País", comemorou Alcolumbre em suas redes sociais.
O Senado aprovou no início da noite desta terça-feira a PEC 26/20, que torna permanente o Fundeb e aumenta a participação da União no repasse de recursos para estados e municípios.
"A aprovação do Novo Fundeb pelo Senado é mais uma demonstração da prioridade que a Educação recebe no Parlamento. O fundo passa a ser permanente e vai garantir a redistribuição de recursos vinculados à educação básica de estados e municípios", destacou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pelo Twitter.
Maia disse que os novos recursos vão permitir desde reformas estruturais até a valorização do salário de professores da creche ao ensino médio. "Faço uma homenagem especial à deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), que relatou  de forma tão brilhante este projeto na Câmara, aprovado na íntegra pelos senadores", completou Maia.
A Câmara aprovou a proposta em julho.

Da Redação - GM


Fonte: Agência Câmara de Notícias

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Senado adia para terça-feira votação da PEC do Fundeb permanente

Sessão Deliberativa Remota destinada a deliberar sobre o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 88/2020, que reconhece o estado de calamidade pública no Brasil.   O Senado vota nesta sexta-feira (20) o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 88/2020, que reconhece o estado de calamidade pública no Brasil. Esse é o único item na pauta da reunião, convocada pela Presidência do Senado Federal. A sessão deliberativa é remota, ou seja, senadores poderão debater o assunto e votar a matéria pelo computador, sem estar presentes ao Plenário.   A proposta, aprovada na noite da quarta-feira (18) pela Câmara dos Deputados, permite que o Executivo gaste mais do que o previsto e desobedeça às metas fiscais estabelecidas para 2020 para custear ações de combate à pandemia de coronavírus. O senador Weverton (PDT-MA) é o relator da proposta.   A sessão deliberativa remota é conduzida pelo 1º vice-presidente do Senado Federal, senador Antonio Anastasia (PSD-MG).   Na tela, senador Flávio Arns (Rede-PR) realiza votação remota.   Foto: Jane de Araújo/Agência Senado
Sob relatoria do senador Flávio Arns, a PEC estava prevista para ser votada nesta quinta-feira (20). Sessão plenária do Senado está marcada para a terça-feira (25)
Jane de Araújo/Agência Senado



O Senado adiou para as 16h da terça-feira (25) a votação da PEC 26/2020, proposta de emenda à Constituição que torna permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). A proposta será o único item da pauta de votações e, caso aprovada, deverá ser promulgada no dia seguinte em sessão do Congresso.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, comentou nas redes sociais que o adiamento da votação vai permitir a participação de todos os senadores no aperfeiçoamento do texto.
“Garantir recursos para a educação pública do país é uma das maiores prioridades de todos nós, senadores. Por essa razão, decidimos pelo adiamento da análise da PEC do novo Fundeb para a próxima terça-feira (25), para garantir, acima de tudo, a sua aprovação.”
A sessão do Senado que ocorreria nesta quinta-feira (20) precisou ser adiada em razão da votação de vetos pelo Congresso Nacional ainda estar em andamento. Além da PEC do Fundeb, também estavam na pauta outras quatro matérias, que tratam de alterações no Imposto sobre Serviços (ISS); alívio para hospitais filantrópicos; subnotificação de casos de covid-19 entre a população negra; e transporte rodoviário interestadual e internacional.
Além de tornar o Fundeb uma política permanente de Estado, a PEC 26/2020 aumenta em 13 pontos percentuais a participação da União nos recursos destinados ao Fundeb. O texto ainda altera a forma de distribuição dos recursos da União entre os estados. A PEC teve como primeira signatária a ex-deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG) e como relatora na Câmara dos Deputados a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO). No Senado, a matéria é relatada pelo senador Flávio Arns (Rede-PR).
O texto foi fruto de consenso entre os parlamentares e vem sendo debatido desde o início de 2019. Criado em 2007 de forma temporária, em substituição ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), o Fundeb é uma das principais fontes de financiamento da educação no país. 
Os entes federativos deverão usar os recursos do Fundeb exclusivamente em sua atuação prioritária definida na Constituição: os municípios cuidam da educação infantil e do ensino fundamental; e os estados, do ensino fundamental e médio. Assim, o dinheiro não poderá ser aplicado, por exemplo, em universidades, pois o ensino superior é de responsabilidade prioritária do governo federal.
Em seu relatório, Flávio Arns ressalta a atual importância do Fundeb: “trata-se de um dos principais instrumentos de redistribuição de recursos do país, realocando valores no âmbito de cada estado, entre o governo estadual e as prefeituras, para tornar o sistema educacional mais equitativo e menos desigual”.
O Fundeb atualmente representa 63% do investimento público em educação básica. Ele diz que, se o fundo não existisse, estima-se que os valores mínimos de aplicação em educação girariam em torno de R$ 500 por aluno/ano nos municípios mais pobres do Brasil. Com o Fundeb atual esse investimento é em torno de R$ 3.600. Com a PEC, esse valor deve aumentar cerca de 50% até 2026, podendo alcançar o valor de R$ 5.500.



Fonte: Agência Senado

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Em audiência com MP-GO e Procuradoria Eleitoral, partidos aderem a compromisso para eleições limpas


Audiência virtual aconteceu nesta segunda-feira (17/8)
Audiência virtual aconteceu nesta segunda-feira (17/8)
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) e o Ministério Público Federal em Goiás promoveram, na tarde desta segunda-feira (17/8), audiência pública com representantes de partidos políticos para adesão a compromisso que visa garantir eleições limpas em novembro. Compareceram ao encontro, realizado em ambiente virtual, representantes de diversos partidos, entre eles PROS, PSDC, DEM, PSDB, Unidade Popular, PSL, PSC, Rede, Republicanos, Patriota, PTB, PP e PRTB.
Ao dar as boas-vindas aos participantes da reunião, a coordenadora da Área do Patrimônio Público e Terceiro Setor do Centro de Apoio Operacional do MP-GO, Fabiana Lemes Zamalloa do Prado, destacou a importância da assinatura do termo, visando a um resultado benéfico para toda a sociedade. “A proposta é que sejam adotadas as melhores medidas em cada situação, respeitando-se a peculiaridade de cada município, garantindo a probidade e a lisura do pleito”, enfatizou.
O promotor eleitoral Cassius Marcellus de Freitas, responsável pela Coordenadoria Estadual de Apoio aos Promotores Eleitorais do MP-GO (Ceap), acrescentou que se trata de uma construção com os partidos, no sentido de garantir o mais elevado padrão e legitimidade do processo eleitoral. Cassius Marcellus observou que a eleição é um dos instrumentos mais relevantes de que se vale a democracia, sendo importante, neste momento, que os partidos reafirmem publicamente um compromisso com a sociedade na condução desse processo.
Ele destacou ainda temas que devem ser observados especialmente pelos partidos, como estimular, propiciar e garantir a efetiva representatividade feminina, combatendo fraudes no lançamento de candidaturas de mulheres, assim como o combate a notícias falsas (fake news). Em relação ao financiamento das campanhas, ele acrescentou que a proposta é de que não somente os recursos sejam corretamente empregados, como haja total transparência.
O procurador regional eleitoral, Célio Vieira da Silva, ponderou que o acordo é uma parceria necessária, que visa garantir que este pleito seja conduzido de forma limpa, sem irregularidades e fraudes. “Que possamos mostrar à sociedade uma realidade que consubstancie a verdadeira opinião do eleitor”, afirmou. Pontuou ainda que ações preventivas e de esclarecimento aos candidatos são importantíssimas. “No processo eleitoral, a responsabilidade pela boa condução do pleito é de todos”, asseverou.
Adesões
Durante a audiência, os participantes discutiram a minuta do termo de compromisso público previamente enviado a todos, momento em que foram ajustados alguns pontos, a pedido dos representantes dos partidos. Após a concordância de todos quanto às ponderações, foi aprovada a versão final do documento pelos presentes, dentre os quais 10 já manifestaram pela adesão, durante a reunião. Os demais poderão aderir por meio da assinatura posterior do termo, que será enviado a eles.
No encerramento do encontro, o promotor Cassius Marcellus agradeceu a participação e o interesse de todos os representantes partidários, reiterando a que a adesão ao termo significa um compromisso público do partido com uma eleição limpa, garantindo a vontade soberana do eleitor. Desse modo, enfatizou que os termos do compromisso visam reforçar condutas legais, as quais devem ser analisadas individualmente, de acordo com a realidade de cada município.
O procurador regional eleitoral, Célio Vieira, afirmou ser interesse de todos que o pleito aconteça de forma justa. Assim, conclamou os representantes dos partidos a transmitirem os termos do compromisso aos seus diretórios municipais. “É vontade de todos que as eleições aconteçam sem irregularidades nem ilícitos e em cumprimento ao que preveem as regras eleitorais”, reiterou.
O promotor Cassius Marcellus reforçou que a Ceap está disponível para atender eventuais dúvidas dos partidos quanto ao documento. (Texto: Cristina Rosa - Fotos: João Sérgio/Assessoria de Comunicação Social do MP-GO)

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Tendência no TSE é rejeitar entendimento de ‘abuso de poder religioso

TSE julga se há “abuso de poder religioso” na influência de pastores, bispos ou padres em campanhas eleitorais

Ministros Edson Fachin e Luis Roberto Barroso. Foto: Roberto Jayme/TSE
Ministros Edson Fachin e Luis Roberto Barroso.Foto: Roberto Jayme/TSE


Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm divergido da pretensão legisladora do ministro Edson Fachin, de criminalizar suposto “abuso de poder religioso” na influência de pastores, bispos ou padres em campanhas eleitorais. A lei não prevê esse “abuso”, mas o TSE nunca foi de resistir à tentação de legislar. Não seriam atingidos pela medida influenciadores como sindicalistas, artistas, professores etc. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Em voto brilhante, o ministro Tarcísio Vieira de Carvalho Neto defendeu as liberdades de expressão e religiosa, multiculturalismo, tolerância etc.
“Não vejo como defender a liberdade de voto dissociada da liberdade de expressão do candidato e de seu simpatizante”, disse Carvalho Neto.
Até o ministro Alexandre de Moraes divergiu do alegado “abuso de poder religioso”, no caso em que adversários tentam cassar uma vereadora.
Políticos governistas veem na alegação de “abuso de poder religioso” a tentativa de dificultar um novo apoio evangélico a Bolsonaro, em 2022.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Eleições 2020 --Eleitorado goiano cresceu 3,07% desde a última eleição

Dados foram disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral na semana passada
Foto: Nelson Jr./ ASICS/TSE

Por Mirelle Irene
Dados do Tribunal Superior Eleitoral  mostram que Goiás teve crescimento em seu eleitorado . O recorte foi feito pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás e divulgado nesta quarta-feira, 12. De 2018, quando houve a última eleição para deputados, governadores e Presidente da república, o eleitorado cresceu apenas 3,29%. Em relação ao  último  pleito municipal,  em 2016, o crescimento foi de 3,07%.
Em Goiás, 4.606.112 eleitores estão aptos a votar  este ano para escolha de prefeitos e vereadores nos 246 municípios do Estado. As eleições serão realizadas no dia 15 de novembro, e se houver segundo turno, dia 29 de novembro. No estado, 52,3% corresponde ao gênero feminino e 47,7% ao masculino.
Possuem alguma deficiência 20.122 eleitores declarados e os que já fizeram a opção pelo uso no nome social no título são 294 eleitores. O TRE-GO assinala que, apesar  de em Goiás 100% dos municípios contam com biometria, por causa da pandemia, e por causa das medidas sanitárias, a Justiça Eleitoral decidiu excluir o uso da biometria como meio de identificação nas eleições deste ano.
Fonte: Jornal pção

sábado, 8 de agosto de 2020

Presídio de Águas Lindas de Goiás é inaugurado






Na manhã desta quinta-feira (06/07) a Unidade Prisional Estadual de Águas Lindas de Goiás foi inaugurada. Para construção do presídio foram investidos R$ 20,8 milhões. Deste valor 8.866,307 são provenientes da União e 11.950.246,10 milhões foram oriundos do Governo do Estado de Goiás.
A unidade prisional pertence a 9ª Coordenação Regional Prisional da instituição. As obras da mesma estiveram sob responsabilidade da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra).
O estabelecimento penal conta com 300 vagas para recebimento dos presos. O mesmo é composto por quatro blocos, sendo um deles: administrativo, com cartório, sala de direção, entre outras.
Em outro bloco funciona a enfermaria local, compostas por salas de atendimento médico, enfermagem, primeiros socorros e odontológico e sala de expurgo.
Os demais blocos são divididos por duas alas uma de custódia de presos e a outra com pátio para banho de sol, galpão para atividades laborais e ocupação da população carcerária para trabalho de presos, de acordo com a política de Reintegração Social da Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP).
A unidade conta também com o funcionamento de reservatório, central de gás, gerador de energia elétrica, poços artesianos e estação de tratamento de esgoto.
Esta também é equipada com câmeras de monitoramento, para reforçar a segurança penitenciária. A unidade foi construída em configuração de estabelecimento de segurança máxima, como também funcionará com regras de regime próprio.
No evento foi entregue três viaturas para unidade, sendo duas operacionais e uma administrativa, assim como o sistema de videoconferência pronto para funcionamento, que será utilizado para as audiências dos custodiados e para visitas virtuais monitoradas, em virtude da Covid-19.
A inauguração foi realizada pelo governo do Estado de Goiás, onde na ocasião o prefeito de Águas Lindas, Hildo do Candango, destacou a importância da unidade.
“Os reclusos da cidade terão acesso a um sistema penitenciário com regras e regime próprio. O local também foi estrategicamente escolhido. E a construção da unidade é segura, evitando assim uma possível fuga pelas tubulações. O nosso governo municipal além de oferecer o terreno, também auxiliou na
terraplanagem local. Nesta ocasião, agradeço aqui os esforços de todos para que esta obra fosse entregue”, salientou o prefeito.
No evento estiveram presentes além do prefeito Hildo do Candango, da primeira dama, Aleandra Sousa, e o governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado, também estiveram o vice-governador Lincon Tejota, o vice-prefeito de Águas Lindas, Jiribita, a secretária de Indústria e Comércio, Maria Fábia, o vice-secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, o diretor geral de Administração Penitenciária, Coronel Augusto, o diretor do Sistema Penitenciário Federal, entre outras autoridades municipais e estaduais.

Por causa da pandemia--- Prefeitos reivindicam flexibilização do pagamento mínimo na área de educação em 2020

Constituição Federal estabelece que estados e municípios devem investir, no mínimo, 25% das receitas provenientes de impostos e transferências a cada ano no setor
Foto: Reprodução

Por Thauany Melo
A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) apresentou nesta sexta-feira, 7, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, uma pauta de reivindicações que inclui a possibilidade de flexibilização na aplicação do mínimo constitucional em educação em 2020.
De acordo com a Constituição Federal, estados e municípios devem investir, no mínimo, 25% das receitas provenientes de impostos e transferências a cada ano no setor. Como a crise econômica decorrente da pandemia de Covid-19 diminuiu a arrecadação tributária, os gestores municipais alegam dificuldades para cumprir com os pagamentos. 
“Defendemos uma legislação, de forma excepcional, que considere os gastos em educação tudo aquilo que foi empenhado, e não somente o que foi pago, como a lei determina”, disse o prefeito de Teresina (PI), Firmino Filho, vice-presidente da FNP, em coletiva de imprensa.
“A gente não quer que os municípios deixem de investir [em educação]. Aquilo que for empenhado em 2020 vai ser cumprido no exercício financeiro dos anos seguintes, incluídos em restos a pagar” completou prefeito.
Fonte:Jornal Opção

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Eleições 2020-- Base deve se reunir duas vezes por semana para debater candidaturas municipais

Próxima reunião de aliados deve ocorrer na noite desta quinta-feira, de acordo com o governador Ronaldo Caiado (DEM)
Governador Ronaldo Caiado | Foto: Lívia Barbosa

Em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira, 5, o governador Ronaldo Caiado (DEM) comentou a reunião do último sábado com presidentes dos 11 partidos da base para apresentação dos nomes de pré-candidatos em 40 municípios goianos.
A previsão é de que, até que todos os nomes sejam escolhidos nos municípios para representar a aliança do governo com os partidos, sejam realizadas duas reuniões semanais para que se encontre consenso.
“Nossa reunião de sábado foi extremamente produtiva e a outra será amanhã a noite. Já teremos uma segunda reunião com esse avanço com todos os partidos que compõem a base. Deveremos seguir com mais ou menos essa pauta de duas reuniões por semana até fecharmos todos os entendimentos possíveis nas nossas pré-candidaturas em Goiás”, comentou o governador.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Bairro Jardim Barragem I está recebendo pavimentação asfáltica





As obras de construção de galerias de águas pluviais estão sendo realizadas no bairro Jardim Barragem I. Estas beneficiarão toda a população e não somente a da região local, mas de toda cidade, que contará com o sistema de escoamento de águas.
Juntamente a estas obras estarão sendo realizadas também as obras de pavimentação asfáltica por toda a extensão da avenida comercial local, facilitando assim a trafegabilidade do transporte coletivo e a acessibilidade aos comércios da região.
Para Hildo do Candango, prefeito de Águas Lindas, a cidade está em obras e todos estes recursos estão sendo realizados para o bem-estar da população. “As obras dos bairros Jardim Barragem I, assim como no Setor Coimbra e demais regiões, estão trazendo resultados significativos para toda população. Essa é a nossa intenção, o bem-estar de todos”, descreveu o Hildo.




sábado, 1 de agosto de 2020

Divergente --Proposta de unificação de impostos na reforma tributária vira pesadelo de municípios

Secretários reclamam que reforma tributária, tal qual apresentada, tira autonomia sobre tributos municipais recolhidos
Secretários de Finanças de Senador Canedo, Aparecida de Goiânia e Goiânia revelam suas posições quanto à reforma tributária | Foto: Montagem

Por Ton Paulo
Reformas substanciais no Brasil costumam demorar a acontecer. E quando acontecem, são cercadas de debates acalorados, polêmicas e discordâncias de todas as partes. Com a reforma tributária, uma reformulação na maneira como os impostos são recolhidos no país, não seria diferente. A reestruturação dos tributos é debatida há décadas e agora, em pleno ano de pandemia, parece ter ganhado um certo fôlego para seguir adiante. Entretanto, a variedade de propostas apresentadas até agora e que ganham força no Congresso parecem convergir para um ponto que se tornou alvo de preocupação e insatisfação por parte dos municípios: a unificação de impostos.
Até o momento, três principais propostas de reforma são debatidas no Congresso. Duas do Legislativo e uma do Executivo. São elas: A PEC 45, cujo conteúdo foi elaborado pelo economista Bernard Appy e é amplamente defendida por Rodrigo Maia na Câmara; a PEC 110, discutida pelo Senado e relatada pelo senador Roberto Rocha e a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, que parece ser entregue “por camadas” ao Congresso.
Ao que parece, a proposta do Executivo, na figura de Guedes, é a que tem levantado mais polêmicas até agora. O ministro quer recriar a impopular Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a CPMF, e defende o novo tributo para compensar o fim da contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de salários. O titular do Ministério da Economia alega que essa seria a solução para criar empregos, reduzir a informalidade e que o novo imposto “seria moderno, de caráter digital e difícil de ser sonegado”.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, que antes era reticente quanto à ideia da reedição da CPMF, agora sinaliza ter cedido. Em uma conversa recente relatada à Folha de São Paulo, o presidente teria dito que o ministro Guedes pode voltar a testar o apoio ao tributo nas eventuais tratativas com os parlamentares. Entretanto, nos bastidores comenta-se que o presidente reconhece que dificilmente o novo imposto terá endosso do Legislativo.
Conforme Guilherme Afif Domingos, assessor especial do Ministério da Economia, ainda no “bolo” de propostas para reformar a tributação que será apresentado pelo ministro, estão o aumento do limite de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF); a redução das deduções; uma alíquota maior para os mais ricos; e também a taxação de transações financeiras a fim de desonerar as folhas de pagamento.
Paulo Guedes, ministro da Economia | Foto: Fábio Rodrigues/Agência Brasil
Entre as mudanças estão o aumento da faixa de isenção (dos atuais R$ 1.903,99 por mês para cerca de R$ 3 mil); redução nas deduções (atualmente há deduções por despesas médicas, por dependentes e por despesas educacionais); diminuição da alíquota de 27,5% (atualmente, a mais alta); criação de uma alíquota maior para os mais ricos; e retomada da cobrança de imposto sobre a distribuição de lucros e dividendos para as pessoas físicas, que existia até 1996.
Porém, mesmo com pontos que se distinguem das propostas do Legislativo, o projeto de reforma de Guedes traz um tópico em comum com elas: a unificação de tributos para a criação de outro. Enquanto a ideia do ministro é a de unificar o PIS e Cofins na chamada Contribuição de Bens e Serviços (CBS), a PEC 45 pende para a unificação em um só imposto de três tributos federais (PIS, Cofins e IPI), um estadual (ICMS) e um municipal (ISS), com a ideia de criar um único imposto sobre bens e serviços. Já a PEC 110 prega a criação de um tributo que substitui nove. A proposta que está no Senado atinge IPI, IOF, PIS/Pasep, Cofins, CSLL Salário-Educação, Cide-Combustíveis. Da alçada estadual, surge o ICMS na PEC 110. E da parte dos municípios vem o ISS.
É justamente essa fusão de impostos apresentada comumente nas três propostas analisadas pelo Congresso que não convenceu os secretários da Fazenda dos Municípios. Para eles, muita coisa precisará ser mudada.

“Nossa visão realmente não é favorável”, diz Danillo Garcia sobre reforma

O secretário de Finanças do município de Senador Canedo, Danillo Garcia Camargo, é um dos que vê as propostas em debate no parlamento com insegurança. Segundo Camargo, a maneira como as mudanças foram expostas aos municípios passa a ideia de retirada de autonomia dos municípios.
“Nós temos receio pela forma como foi apresentada. O município fica com um certo grau de dificuldade naquilo que ele faz. Temos uma dependência dos recursos estaduais e federais e, agora, nesse momento, começar a depender de tudo da União é algo que deixa a gente não só de mãos atadas, mas de mãos, pé e olhos atados”, desabafa.
O secretário avalia que a questão tributária tem pontos característicos e singulares de cada município. Para ele, cada região “conhece a realidade de cada setor e cada empresa”. Camargo acredita que as propostas de reforma tributária, tais quais apresentadas, delimitam o que “os municípios tomam conta”, uma vez que envolve a fusão de impostos municipais, e é categórico ao afirmar que deseja que a reformulação tributária não seja concebida do jeito que está sendo ponderada.
Nós conhecemos a realidade de cada setor, diz secretário Danillo Camargo | Foto: Arquivo pessoal/Reprodução
“Nossa visão realmente não é favorável. Nosso desejo é que não saia [a reforma]. Ir em Brasília captar recursos tem uma certa dificuldade. Agora, naquilo que nós delimitamos, que tem uma receita, uma variável muito boa, que são os tributos municipais, ser tirado da gente é complicado… Nós temos uma secretaria que fica só por conta disso”, conclui.
O titular das Finanças de Senador Canedo não é o único que está reticente quanto às mudanças apresentadas até agora pelo Congresso e Executivo. O secretário de Aparecida de Goiânia, André Luis Rosa, é outro que considera que os municípios sofrerão grandes prejuízos com o que foi proposto até agora.
De acordo com André, as preocupações de Aparecida se voltam para o setor de serviços que será um dos grandes afetados. O secretário explica que esse setor é o que tem a menor alíquota, que varia entre um mínimo de 2% e um máximo de 5 a 6% em alguns municípios. Na proposta de Guedes, a alíquota passaria para 12%.
“No caso de Aparecida, onde você tem ISS variando entre 3%, automaticamente uma empresa teria um aumento de mais de 500% de seu imposto sobre serviço. O setor de serviços não tem cumulatividade. O prestador de serviços, como a rede hoteleira, o restaurante, o professor, a manicure, não tem uma cadeia de prestação de serviço. O imposto dele é no topo. Não tem o que descontar para trás. O impacto na rede de serviços vai ser muito grande”, expõe.
André adianta que, em Aparecida de Goiânia, dois tipos de serviços seriam amplamente atingidos pela reforma: os planos de saúde e o educacional. Os usuários podem, segundo o secretário, migrar para os planos públicos devido ao aumento da alíquota repassada à ponta, o que geraria uma sobrecarga. “Nós teríamos uma massa de pessoas que hoje estão nas escolas particulares ou nos planos de saúde que deixariam esse serviço e migrariam para o poder público. Prioritariamente para o município”, arremata.

Para secretária, reforma não seria “um bom negócio” para Goiânia

Em Goiás, não são apenas os municípios da Região Metropolitana que estão insatisfeitos com o que foi proposto até agora pelos poderes Executivo e Legislativo. A secretária de Finanças de Goiânia, Zilma Peixoto, também rejeita a tese que a reforma tributária como está poderá trazer benefícios.
Zilma parte do princípio de que os tributos que serão unificados nas propostas pesam muito para os municípios, principalmente o ISS. De acordo com a secretária, o ICMS representava uma boa parte da tributação recolhida por Goiânia, mas o crescimento dos serviços na capital fez com que o ISS se tornasse o que ela chama de “imposto do futuro”. Com a fusão dos tributos, a secretária questiona: como será feita a divisão?
“É claro que a gente ainda tem que olhar isso com mais profundidade. O governo fala que vai unificar esses tributos, depois vai fazer um repasse do percentual do todo. Mas a gente não sabe, não fez uma conta ainda do quanto será esse todo e se esse percentual vai cobrir o que o município arrecada hoje em termos de ISS. Porque o ISS arrecadado hoje é todo do município”, relata.
Secretária Zilma Peixoto | Foto: Divulgação
A titular de Finanças da capital de Goiás critica uma suposta retirada de autonomia do município na lida com os impostos recolhidos. Para ela, os moldes propostos na reforma até agora seriam adequados apenas para os pequenos municípios, não para uma cidade como Goiânia. “Para Goiânia não seria um bom negócio. Uma coisa é viver de repasse [da União], outra é ter um imposto que é seu e que você tem autonomia. Para um Município menor, que tem dificuldade de ter uma estrutura de arrecadação, pode até ser bom. Mas para Goiânia, que tem competência para arrecadar, que tem estrutura para isso, não é o melhor”, diz.
Zilma apontou para falhas na reforma alvo dos debates e afirmou que a solução para um recolhimento justo e eficaz de impostos vai em outra direção. A secretária de Goiânia defende a implantação ampla de impostos progressivos, o que, segundo ela, traria “justiça fiscal” para a população.
“O Executivo e o Legislativo precisam entender que hoje a gente coloca 80% da carga tributária em impostos regressivos. Eu pago mais imposto com relação à minha renda, e o outro que tem muito mais renda paga igual. E a gente sabe que precisa trabalhar nisso, na questão dos impostos progressivos. Eu preciso dar mais imposto àquele que tem mais renda. Isso é o que pode mudar a situação tributária no País. É uma justiça fiscal. Agora, mexer, unificar, tirar autonomia de Município, a princípio a gente não vê com bons olhos para Goiânia, que tem uma capacidade de fazer uma gestão tributária”, reitera.

Proposta de Guedes é tímida mas soluciona imbróglios judiciais, aponta tributarista

Em entrevista ao Jornal Opção, o advogado tributarista Simon Riemann explicou pontos alvos de polêmicas nas propostas de reforma tributária apresentadas até agora, sobretudo nos projetos do Poder Executivo. Riemann se referiu à proposta de Guedes como uma “minirreforma tímida”, mas que pode ser efetiva em certos pontos.
O advogado também esclarece a questão da mudança de tributação sobre o setor de serviços e menciona o aumento da alíquota para 12%, mas deixa exposto que a proposta de Guedes pode ser benéfica em alguns pontos, como a diminuição de disputas judiciais em razão de uma legislação tributária mais clara e elucidativa
Confira:
Como é o projeto do Paulo Guedes? Podemos chamar de reforma? O que vem a ser ele?É uma minirreforma, digamos assim. Não é uma mudança ampla, mas é uma mudança pontual em uma área muito sensível. Eu acho que o critério foi dois tributos que são o PIS/Cofins, que são extremamente complexos e que geram um litígio muito alto. Eu acho que eles estão fazendo uma reforma possível. Porque uma reforma mais ampla demanda do engajamento dos Estados, e eu tenho dúvidas que eles tenham nesse momento.
O que foi apresentado pelo Paulo Guedes no Congresso, que é essa junção que eles estão chamando de CBS, Contribuição sobre Bens e Serviços, juntando PIS/Cofins, só esses principais tributos federais, já são questões que estão abarcadas em reformas mais amplas, que são a pec 45/19 na Câmara, e a PEC 110/19 no Senado. Por que apresentar uma nova proposta se já se tem discussões mais amplas no congresso, que já discutem, inclusive essa parte?Eu acredito que eles não devem ter sentido uma adesão no Congresso para uma reforma mais ampla. Uma das propostas cria o chamado imposto sobre valor agregado e que alcança tributação sobre o consumo inclusive estadual e municipal.
Mas essa não é a do governo, mas sim a que já está em discussão no Congresso.Isso, essa já está em discussão no Congresso. Eu acredito que deve ser uma leitura política deles que deveria fatiar a reforma para tentar passar por etapas. Então eu imagino que eles não devem ter sentido uma adesão em relação às outras propostas que são mais amplas. Imagino que seja isso, especificamente. Acho que eles estão pegando de forma pontual, ir enfrentando, para depois tentar acoplar os outros tributos.
Simon Riemann, advogado tributarista | Foto: Léo Iran/OAB-GO
Teve uma outra questão desse texto pequeno que o Ministério da Economia apresentou, que gerou muita polêmica, que é o aumento da alíquota justamente incidente sobre a questão dos serviços. Como o setor está vendo isso? Que repercussão tem o aumento da alíquota?O PIS/ Cofins hoje tem duas hipóteses de regime: uma é o cumulativo, que você simplesmente tributa a sua venda, 3,65%, e o outro regime é o chamado não cumulativo, em que você tem crédito em relação ao que você compra. Exemplificando: se eu sou um supermercado, eu compro determinando item para revenda e gasto mil reais para a compra de um item. O que tributou na operação de compra eu vou abater na tributação de venda. Esse é o regime não cumulativo.
Qual é a grande questão dos serviços? Eles têm pouco crédito. Então imagine um escritório de advocacia, a margem de lucro é mais alta porque eu gasto com o pessoal que trabalha no escritório, mas não tem gastos com insumos, com nada. Então se eu passo por um regime não cumulativo, aumentando a alíquota no meu faturamento e gerando um direito a crédito, eu pago muito porque eu vou ter pouco crédito. Quase não tem o que gerar crédito pra mim.
Já uma indústria é o contrário. Pense num laticínio que fatura milhões, a margem de lucro dele é muito pequena, 4%, 3%. Ele tem muita tributação na venda, mas tem muito crédito porque ele compra coisa demais. Então historicamente, os serviços no regime atual não vão para o PIS/Confins não cumulativo. O não cumulativo hoje, a alíquota é de 9,25% contra 3,65% do cumulativo. Vai tudo pra 12%, com crédito e tudo. Obrigou tudo mundo a ir para um regime não cumulativo e com direito a crédito.
Um dos pontos que está sendo elogiado desse novo texto apresentado pelo Paulo Guedes ao Congresso é a questão de que a base de cálculo, mesmo subindo para 12% da alíquota desses dois impostos federais unificados na CBS, está bem explicada no texto, o que deixa a coisa mais clara. É isso mesmo que está acontecendo? Como isso fica mais claro?Fica mais claro na medida em que coloca a base de incidência, que foi colocado bem claramente sobre o que vai incidir e colocou bem claramente o que vai dar crédito. Então todas as requisições geram crédito, inclusive compras de empresas do Simples Nacional. Então esse direito amplo de crédito facilita muito.
O PIS/Cofins hoje tem um regime muito estranho pelo seguinte: um regime é o imposto da pessoa jurídica, então a pessoa faturou e pode descontar tudo o que ela gasta até encontrar o lucro dela. Isso é um regime. Um outro regime é o do IPI, em que você paga imposto sobre o que você industrializa e gera crédito sobre o que vai na industrialização. O PIS/Cofins incide sobre todo o seu faturamento, mas a interpretação é que nem tudo o que você usa para faturar te dá crédito. Você fica numa situação esdrúxula. Tem decisões inclusive do STJ invalidando as interpretações da Receita Federal.
As notas fiscais vão trazer obrigatoriamente o valor da contribuição que incidiu e você se apropria disso. Então é preto no branco.
Isso diminui disputa judicial?Diminui. Porque hoje os documentos não destacam o valor do PIS/Cofins. Você calcula em cima da sua compra, não do que foi pago, por quem vendeu. É um regime um pouco diferente. Tem o lucro presumido e o lucro real. Cumulativo e não cumulativo. Vamos supor que tem uma empresa que está no regime que gera direito a crédito e compra de alguém que não está no regime de direito a crédito. Aquele que vendeu, um prestador de serviço, um escritório que prestou serviço pra uma grande indústria, ele paga 3,65%. Mas a indústria vai tomar crédito em cima de 9,25%, que é o valor dela. E tem situações que você não sabe se gera ou crédito ou não e isso gera muita discussão.

Fonte: Jornal Opção