O partido promete lutar pelo aumento do número de mulheres no Congresso, no entanto, recebe críticas e revela contradições
Por Fernanda Garcia
O espaço político ainda é um ambiente dominado por homens. Maioria na população, as mulheres configuram uma parcela pequena no Congresso Nacional, ocupando apenas 54 das 513 cadeiras da Câmara e 13 das 81 vagas no Senado. Mesmo nos lugares que se propõem a garantir maior espaço para elas, a sub-representatividade continua sendo uma realidade, como no caso do Partido da Mulher Brasileira (PMB).
Criado em 2008, o PMB obteve registro definitivo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2015. Conforme afirmou a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, na época do registro o partido não tinha nenhuma mulher na direção. A alegação foi dada em junho, durante o 2º Congresso de Direito Eleitoral de Brasília, e foi rebatida por meio de nota emitida pela fundadora e presidente nacional da sigla, Suêd Haidar. “O partido que segundo ela, não tem mulher, não só foi fundado por uma, como também contava à época do registro com maioria de mulheres em seu estatuto”, está escrito no comunicado.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o PMB é líder no número de filiações femininas, 54,95% dos filiados são mulheres. Segundo a presidente regional do partido em Goiás, Rosi Guimarães, cerca de 70% das lideranças municipais da sigla também são mulheres. “São 35 partidos e a maioria é representada pela figura masculina”, diz. “Uma mulher na liderança, tomando decisões, é uma forma de representar na luta”, complementa.
Apesar disso, as candidaturas de fato emplacadas seguem na contramão dessa tendência. No início de sua história, a legenda chegou a contar com 20 deputados federais, dos quais apenas dois eram mulheres. Essa marca foi registrada cerca de dois meses depois da aprovação do registro no TSE. No momento, o PMB não conta com deputados federais. Os parlamentares estaduais, no entanto, segundo consta na plataforma online do partido, somam três representantes femininas e um masculino: Maria Betrose Fontenele Araujo (CE), Luciana Gurgel (AP), Raimunda Macedo (AP) e Odilon Aguiar (CE). Já quanto aos vereadores, o número torna-se discrepante. Em Goiás, nas eleições de 2016, dos dez vereadores eleitos pela sigla, dois eram mulheres.
De acordo com Rosi Guimarães, enquanto o mandato não chega, o trabalho é focado no diálogo com a sociedade. “Fazer um levantamento sobre as reais necessidades e o que as mulheres estão precisando”, explica. “Somos um partido criado por mulheres e que tem uma plataforma focada nas demandas delas.” A presidente pediu para não divulgar o número de pré-candidatos, mas confirmou a existência de possíveis concorrentes a deputada estadual pela legenda em Goiás nas próximas eleições.
A que veio?
No portal da sigla, constam enumerados os seguintes objetivos: “O PMB busca o reconhecimento, a consolidação e a valorização da mulher, sem a exclusão masculina no cenário de um mundo globalizado que pressupõe a igualdade dos direitos”. Rosi Guimarães reitera que o partido livre para a participação masculina. “Estamos abertos para homens, desde que respeitem e lutem também pelos nossos direitos”, esclarece.
No portal da sigla, constam enumerados os seguintes objetivos: “O PMB busca o reconhecimento, a consolidação e a valorização da mulher, sem a exclusão masculina no cenário de um mundo globalizado que pressupõe a igualdade dos direitos”. Rosi Guimarães reitera que o partido livre para a participação masculina. “Estamos abertos para homens, desde que respeitem e lutem também pelos nossos direitos”, esclarece.
O PMB se apresenta como de centro-esquerda e dispõe como eixos de luta “a valorização social, moral, profissional e política da mulher”. A presidente nacional, todavia, declara que não se trata de uma sigla feminista. Pautas caras ao movimento, como a discussão do aborto, são recorrentemente rejeitadas em detrimento do discurso conservador. “A demanda da mulher é a família”, afirma Rosi.
Em contrapartida, a líder regional coloca outros pontos em evidência: “Queremos igualdade salarial e social. A mulher negra e de classe social baixa é muito discriminada. Queremos resgatar a auto-estima da mulher e buscar equiparação social”. Essa bandeira é, inclusive, vislumbrada por Suêd Haidar na apresentação de fundação do partido: “mulher, negra, mãe e brasileira”. Sobre identificação ideológica, ela já declarou que é liberal na economia e conservadora nos valores da sociedade.
No início do ano, o PMB oficializou seu apoio a candidatura do senador Ronaldo Caiado (DEM) ao governo de Goiás, o que resultou em críticas. Na época, a vereadora de Goiânia Sabrina Garcez, então filiada ao partido, alegou que estava insatisfeita com as ações da legenda. Entre os motivos, estava o fato de que o democrata nunca sinalizou o intuito de comprar a luta pelos direitos das mulheres. A vereadora foi expulsa de seus quadros pelo diretório nacional por “não fechar” com os ideais do partido.
Fonte:Jornal Opção
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