Direção de escola de Ceilândia percebeu que os alunos estavam envolvidos em brincadeiras sexuais e humilhantes devido ao aplicativo. Especialista alerta a necessidade dos responsáveis estarem atentos
João Paulo Mariano
redacao@grupojbr.com
Pais de alunos e professores da Escola Classe 15 de Ceilândia estão preocupados com as consequências de um aplicativo que propõe desafios para quem joga. Um dos módulos do aplicativo, que é feito para jogar em grupo, propõe desafios humilhantes ou de cunho sexual, numa espécie de verdade ou consequência em versão digital. Especialistas alertam da necessidade dos pais estarem vigilantes com o contato dos filhos com a rede mundial de computadores.
No módulo adulto – há ainda o de crianças e de jovens, algumas das propostas são passar a língua em um dos jogadores ou no chão; passar os seios na janela; ir a uma padaria de maiô ou ligar para um ex-companheiro (a) e dizer que ainda gosta dele (a); além de várias outras coisas. O problema é que, apesar de haver um módulo só para menores de idade, como não há nada que impeça o acesso delas, muitas crianças e adolescentes estão jogando desafios proibidos para sua idade.
O diretor da EC 15 de Ceilândia, Ricardo Kozier, percebeu, nas últimas semanas, que havia algo de errado com o comportamento de vários alunos. Por fim, descobriu que havia uma relação entre o que estava ocorrendo e o aplicativo.
Ele explica que a história começou lá pelo último dia 08 de junho, quando uma menina de 10 anos reclamou para a diretora que os colegas estavam rindo dela. Ao conversar com a direção, ela disse o problema existiu após ela atender uma chamada de vídeo que um colega de turma fez para ela quando estava se preparando para ir tomar banho. O amigo acabou a vendo sem roupa e espalhado a informação para todos.
Para resolver a situação, foi decidido que todos os envolvidos seriam chamados para conversar. Nessa reunião, os alunos soltaram a informação de que tudo ocorreu devido a um aplicativo que pedia os desafios. Os celulares dos envolvidos foram vistoriados e, neste momento, percebeu-se que o problema havia começado ali.
Como não havia um jeito de olhar o celular dos 430 alunos de seis a dez anos do colégio, o diretor conta que foi preciso enviar um bilhete informando os pais sobre o ocorrido e orientando que eles tomassem cuidado com o aplicativo. “Fique atento ao uso do celular e do computador do seu (a) filho (a)”, informava, além de lembrar que é “proibido trazer celular para a escola”.
Ontem, outro bilhete foi enviado lembrando aos pais ou responsáveis que, devido ao formato do jogo, poderia ocorrer alterações nas fases de desenvolvimento e “problemas mais graves como pedofilia”, pois além da conotação sexual, o jogo estimula a violência. Os pais, assutados com a situação, apoiaram a forma com que a escola lidou com o problema.
Pais devem acompanhar
Com o avanço do mundo digital e a facilidade de crianças ao acesso, cada vez mais pais precisam prestar atenção na vida dos filhos. Até para evitar que elas se envolvam com situações erradas ou que as coloquem em perigo. Para a psicóloga, Andrea Vani de França, é necessário atenção dos pais e escolas em relação a tudo que as crianças fazem, em especial, no que toca a internet. “É preciso limitar o uso do celular para as criança, já que elas não tem maturidade para várias coisas. Não estão com personalidade formada e podem ser facilmente influenciadas”, alerta.
“Quando há um jogo que propõe desafios, como é o caso do aplicativo em questão, elas podem fazer coisas irresponsáveis, tanto pela falta de malícia em relação ao sexo e a nudez quanto pela dificuldade de se desvencilhar de um desafio proposto”, completa a psicóloga.
Ela ainda pede que os pais conversem com os filhos de forma tranquila para que eles não tenham medo do diálogo. “Tem que estabelecer uma relação de confiança. Se ela não confiar, não vai contar quando algo ruim ocorrer”, reitera. A especialista entende que a escola deve sempre se fazer presente e procurar os pais ou as autoridades quando perceber algo errado, assim como agiu a direção da Escola Classe 15 fez. Outra indicação é que haja palestras para orientar os estudantes sobre os perigos que eles se expõem ao mundo da internet e a jogos como este.
Saiba mais
Esta não é a primeira vez que pais e professores ficam em alerta do envolvimento de crianças e adolescentes com jogos perigosos. No ano passado, houve até investigação policial para apontar os responsáveis por aliciar menores de idade a se envolverem no jogo da Baleia Azul tanto no DF, quanto em oito outros Estados, que propunha desafios como automutilação, greve de fome e suicídio.
Fonte: Jornal de Brasília
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