domingo, 17 de janeiro de 2021

Nova configuração-- Fim das coligações pode derrotar a maioria dos deputados federais de Goiás em 2022?

Os candidatos-estrelas, como os atuais deputados federais, terão de cuidar de suas campanhas e das campanhas de seus aliados de partido É consensual que a proibição de coligações proporcionais continuará valendo para a disputa de 2022. Recentemente, o presidente do PSD nacional, Gilberto Kassab, disse para um político de Goiás que a emenda não cairá, até porque os grandes partidos não querem mudar as regras do jogo — porque são beneficiados por elas. Mas partidos menores e até de porte médio passarão por um verdadeiro sufoco na disputa para deputado estadual e deputado federal na próxima eleição. Porque, sobretudo os pequenos, não têm dinheiro, não têm nomes destacados e não têm tempo no horário gratuito de rádio e televisão. Portanto, todos os partidos, dos menores aos maiores, terão de lançar chapa para deputado estadual e federal em 2022. Não há escapatória. A rigor, entre “mortos” e “feridos”, devem sobreviver poucos partidos, especialmente os médios, como PDT, Podemos e PSB, e gigantes, como MDB, PT, PP, PSD, DEM, PSDB e PSL (hoje, forte, com muito dinheiro e tempo de tevê, mas não terá como aliado Jair Bolsonaro). Há partidos menores que, em geral, têm uma estrela. Mas em Goiás o candidato a deputado federal precisa de entre 160 mil e 180 mil votos para se eleger. Se conquistar 80 mil votos — uma votação expressiva —, mas o partido não obtiver 180 mil votos (o número exato depende dos votos válidos), o político pode não ir para Brasília. Goiás tem 17 deputados federais e quase todos terão dificuldades de se reeleger, se não conseguirem chapas consistentes, com três ou quatro puxadores de voto. Delegado Waldir Soares e o PSL
Delegado Waldir Soares: deputado federal pelo PSL | Foto: Reprodução O Delegado Waldir Soares, do PSL, costuma se eleger sozinho, como nas duas últimas eleições, quando obteve quase 300 mil votos (274.406 em 2018). Além de se eleger, contribuiu para a eleição de Major Vitor Hugo (31.190 votos), na eleição de 2018. No momento, ele é pré-candidato a senador, mas, se disputar vaga na Câmara dos Deputados, tende a ser reeleito. Porque é popularíssimo. Os eleitores — seus eleitores — aprovam o fato de ser posicionado em relação a alguns temas. Frise-se que o PSL terá dinheiro — até muito dinheiro — por ter uma base parlamentar das maiores. Comenta-se que Vitor Hugo não disputará pelo PSL. Porque Delegado Waldir não quer carregá-lo nas costas mais uma vez. Os dois estão rompidos e o Major deverá migrar para outro partido — talvez o Democratas ou o Republicanos (ele deverá acompanhar o presidente Jair Bolsonaro). Adriano do Baldy, Professor Alcides e o PP
Adriano do Baldy e Professor Alcides: deputados do PP | Fotos: Reproduções Com 32 prefeitos, portanto com uma base sólida, o PP tende a montar uma chapa consistente para deputado estadual e federal. Hoje, tem dois deputados federais, Adriano do Baldy e Professor Alcides Ribeiro. Os dois têm chances de reeleição, mas terão de trabalhar, ao lado do presidente do Progressistas, Alexandre Baldy, e do prefeito de Anápolis, Roberto Naves, para montar uma chapa consistente. Juntos, conquistaram 166.274 votos, em 2018, quer dizer, o suficiente para eleger um parlamentar. Para serem eleitos, precisaram dos votos da legenda. A partir de agora, vão contar unicamente com os votos do PP. Portanto, além deles, o partido precisa bancar mais candidatos consistentes, como o vereador Sandes Júnior, de Goiânia. A rigor, se quiser manter ao menos os dois deputados, vai precisar de pelo menos 320 mil votos. Não será fácil. Zacharias Calil, Zé Mário e o DEM
Zacharias Calil, deputado federal pelo Democratas| Foto: Fernando Leite/Jornal Opção O partido Democratas tem dois deputados federais, Zacharias Calil e José Mário Schreiner (Zé Mário). O primeiro é um outsider e se elegeu praticamente sozinho, gastando uma ninharia. Tende a se eleger. Mas os votos são dele. Portanto, quem terá dificuldade de se reeleger é o produtor rural Zé Mário, que, em 2018, obteve uma votação expressiva — 96.188 votos —, mas só se elegeu às custas dos votos da coligação. Em 2022, dado o fim das coligações, estará só na ribalta, portanto vai precisar conquistar novos candidatos a deputado federal. Não será difícil, porque o DEM está no poder e o governador Ronaldo Caiado, do partido, é popular e tem credibilidade. Para se eleger, dizendo de maneira figurada, Zé Mário vai precisar de pelo menos mais dois ou três Zé Mários médios, para ajudá-lo na empreitada. E tem de começar a trabalhar agora; se deixar para 2022, poderá ficar fora do páreo. Flávia Morais e o PDT
Deputado Flávia Morais, do PDT | Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados Flávia Morais, do PDT, é uma outsider, como Delegado Waldir e Zacharias Calil. Elege-se por conta própria, não dependendo de outros candidatos. Em 2018, a deputada conquistou 169.774 votos, ficando atrás apenas de Delegado Waldir e ligeiramente na frente de Zacharias Calil. A parlamentar e seu marido, George Morais, montaram uma grande estrutura político-eleitoral no interior do Estado, acima inclusive do próprio partido. Lucas Vergílio e o Solidariedade
Lucas Vergílio: deputado federal pelo Solidariedade| Foto: Jornal Opção Lucas Vergílio, se permanecer no Solidariedade, terá dificuldade para se eleger. Em 2018, recebeu 78.431 votos e foi eleito pela coligação, que o carregou. Mas, em 2022, sua reeleição será, em tese, um monólogo, com ele sozinho no palco. Continuará no SD? Se continuar, precisará lançar ao menos mais quatro candidatos, eleitoralmente, consistentes. O partido, ao menos no momento, não tem nomes viáveis eleitoralmente. O filho do empresário Armando Vergílio poderá mudar de partido — migrando, por exemplo, para o DEM, para o Republicanos ou para o PSD? Não se sabe. Porque, noutro partido, será mais um; no SD é comandante-em-chefe. Mas que de que adianta chefiar e não ter mandato? Rubens Otoni e o PT
Rubens Otoni, deputado federal do PT | Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados Rubens Otoni foi eleito, em 2018, com 83.063 votos. Como se trata do PT, partido com imenso desgaste, a votação tem de ser considerada expressiva. O parlamentar, um dos mais atuantes de Goiás, foi “carregado” pela coligação. Mas sem coligação, em 2022, terá dificuldade para se reeleger. Há uma dificuldade extra: a base eleitoral do PT, em disputa para deputado federal, é praticamente “fechada” com o líder político de Anápolis. Para se eleger, portanto, terá de organizar uma chapa petista consistente — senão o partido ficará sem deputado entre 2023 e 2026. Pedro Wilson, Adriana Accorsi, Mauro Rubem, Marina Sant’Anna, Serjão Dias, Luis Cesar Bueno, entre outros, talvez tenham de ser arregimentados para eleger um parlamentar, talvez Rubens Otoni ou Adriana Accorsi. Alcides Rodrigues e o Patriota
Alcides Cidinho Rodrigues: deputado federal |Foto: Jornal Opção Alcides “Cidinho” Rodrigues, com seus 64.941, foi “arrastado” pela coligação na disputa de 2018. Agora, filiado ao Patriota, que só tem um deputado federal, Cidinho terá imensa dificuldade de se reeleger. O presidente do partido, Jorcelino Braga, terá de fazer um esforço hercúleo para criar uma chapa consistente, com pelo menos cinco candidatos razoáveis, que consigam ao menos 30 mil votos, para alavancar a postulação do ex-governador. Sem isso, o político de Santa Helena talvez tenha de dizer adeus à Câmara dos Deputados. Há quem aposte que Cidinho sairá do Patriota, não por insatisfação com o partido — ele e Braga são amigos e aliados —, mas por uma questão de sobrevivência política. Uma fonte disse ao Jornal Opção que Alcides Rodrigues não está “muito” animado para a disputa de 2022. José Nelto e o Podemos
José Nelto: deputado federal pelo Podemos | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção José Nelto é o único deputado do Podemos em Goiás. Em 2018, há pouco mais de dois anos, foi eleito de maneira pouco expressiva — com 61.941 votos. Se a eleição fosse hoje, sem coligação partidária, não teria sido eleito. Na disputa para prefeito, o parlamentar trabalhou como um leão, contribuindo para a eleição de políticos expressivos, como Adib Elias, em Catalão, Lucas Antonietti, em Águas Lindas, Vanusa Valadares, em Porangatu, e Janinho Pacheco, em Ipameri, entre outros. A tendência é que sua votação em 2022 seja mais expressiva, mas tende a não superar 160 mil votos. Portanto, para ser reeleito, vai precisar não apenas de uma votação mais significativa do que a de dois anos atrás. Vai precisar, basicamente, de uma chapa consistente para deputado federal, para puxá-lo. Se não conseguir indicar pelo menos quatro (ou cinco) candidatos razoavelmente fortes, e mesmo obtendo uma boa votação, pode ficar fora da Câmara dos Deputados. Ele não quer e não deve sair do Podemos. Mas eleitoralmente estaria mais confortável no Democratas, no PSD ou no Republicanos. Mesmo que não queira, terá, desde já, de pensar no assunto. Glaustin da Fokus e o PSC
Glaustin da Fokus, deputado federal pelo PSC | Foto: Divulgação Marinheiro de primeira viagem, Glaustin da Fokus, do PSC, obteve uma votação relativamente expressiva em 2018 — 100.437 votos. Foi o sexto mais votado. O PSC só elegeu um deputado federal. Em 2022, sem coligações, a situação do parlamentar evangélico é complicada. Terá dificuldade de se reeleger. Para se fortalecer, terá de ir atrás de três a quatro candidatos consistentes ou relativamente consistentes. Na disputa para prefeito, em 2020, andou por quase todo o Estado, remontando as bases do partido. Porque sabe que o desafio da próxima eleição será muito mais complicado do que o de 2018. De alguma forma, terá de arranjar votos para si e para os demais candidatos, que, no somatório, lhe serão úteis. O empresário Wilder Morais afirma que vai disputar mandato de senador, o que não será fácil. A tendência é que dispute mandato de deputado federal. Se disputar, fortalecerá a chapa do partido. Mas há quem aposte que, mesmo não voltando ao Democratas — ele tem dito que não voltará —, trocará o PSC (cujo presidente nacional, Pastor Everaldo, está preso) por outro partido, como o PSD. Célio Silveira e o PSDB
Célio Silveira, deputado federal pelo PSDB | Foto: Renan Accioly/ Jornal Opção O PSDB só tem um deputado federal, Célio Silveira, que, ao obter 70.663, foi o único a escapar da debacle de 2018. Mas o parlamentar sabe que a máquina do partido vai se empenhar, em 2022, para eleger Marconi Perillo a deputado federal. Os demais postulantes serão seus coadjuvantes. Portanto, a tendência, se quiser ser reeleito, é que troque de partido. A tendência é que vá para o Democratas do governador Ronaldo Caiado ou, sobretudo, para o MDB de Daniel Vilela. O tucanato o considera como carta fora do baralho. Elias Vaz e o PSB
Elias Vaz: deputado federal pelo PSB | Foto: Dinho Souto O deputado Elias Vaz, do PSB, está numa posição desconfortável. Porque, sem coligação, sua força eleitoral fica reduzida. Em 2018, foi eleito com 74.877 — uma votação que, a rigor, não é expressiva. Se Lissauer Vieira for candidato a deputado federal — sobretudo se não trocar o PSB pelo Democratas ou pelo PSD (já recebeu convite formal do presidente do partido, Vilmar Rocha; se o PSD não apoiar a reeleição de Ronaldo Caiado, é favas contadas que o político de Rio Verde vai querer distância de seus integrantes) —, a situação fica menos complicada para Elias Vaz. Mas há também a possibilidade de Lissauer ser eleito e Elias ficar fora da Câmara dos Deputados. De qualquer maneira, o partido terá de buscar mais candidatos, se quiser eleger mais de um deputado. E postulantes que tenham votos. Magda Mofatto e o PL
Magda Mofatto: deputada federal pelo PL | Foto: Divulgação Não há a menor dúvida de que a deputada Magda Mofatto tem muito dinheiro. Mesmo assim, conquistou “apenas” 88.894 votos na disputa de 2018. Ante sua estrutura gigante, em todo o Estado, não é uma votação extraordinária. Mas seu problema nem é este para 2022. Porque, até agora, o PL, seu partido, não tem outros nomes consistentes para a disputa. Se não os apresentar, e se não forem bem votados, a tendência é que a empresária fique fora da Câmara dos Deputados a partir de 2023. Mas a parlamentar é uma fera em campanha, e certamente vai redobrar seus esforços para ampliar sua votação e, ao mesmo tempo, lançar outros candidatos, que substanciem o cociente eleitoral do partido. Francisco Júnior e o PSD
Francisco Júnior: deputado federal pelo PSD | Foto: Pablo Valadares Câmara dos Deputados Em 2018, o deputado Francisco Júnior, do PSD, foi o quarto mais votado, com 111.788. Em 2022, com bases ampliadas, a tendência é que sua votação aumente. Mas, como uma andorinha sozinha não faz verão, o partido terá de convocar outros candidatos para alavancá-lo. O presidente do PSD, Vilmar Rocha, lançou candidatos a prefeito nas principais cidades de Goiás com o objetivo de forjar novas lideranças que, em 2022, pudessem disputar mandato de deputado federal e estadual. A base está reconfigurada em várias cidades, com nomes relativamente consistentes. O PSD estaria tentando atrair dois nomes consagrados, Lissauer Vieira e Wilder Morais, para seus quadros. Se conseguir, tende a eleger de dois a três deputados federais. Em Brasília, em termos de criação de estrutura financeira — fundo partidário e fundo eleitoral — e tempo de televisão, o que conta mesmo é o número de deputados federais. Vilmar Rocha tem dito que não será candidato a deputado — talvez dispute mandato de senador —, mas, em benefício do partido, talvez faça um sacrifício e postule uma vaga na Câmara dos Deputados. A palavra a reter é “talvez”. Frise-se que ele diz que não pretende disputar mandato de deputado. João Campos e o Republicanos
João Campos: deputado federal pelo Republicanos | Foto: Divulgação Quinto mais votado em 2018, com 106.014 votos, João Campos, do Republicanos, é um político discreto, mas não perde eleição. Mas, como ele sabe, a disputa de 2022 será inusitada, porque vai depender exclusivamente de seu partido, porque não há coligação. Portanto, terá de remontá-lo e lançar vários candidatos expressivos ou relativamente expressivos. Porque corre o risco de obter uma boa votação e não ser reeleito. Agora, com um prefeito do Republicanos na capital, Rogério Cruz, a tendência é que o delegado de polícia licenciado obtenha uma votação mais ampla. Mas o partido terá de se reinventar, para além da tese que se trata de uma legenda exclusivamente evangélica e controlada pela Igreja Universal (frise-se que João Campos pertence à Assembleia de Deus). MDB é uma incógnita Resta sabe como o MDB — que não tem nenhum deputado federal — irá para o jogo. No momento, não tem nomes consideráveis. Há quem acredite que, apesar de visto como potencial candidato a senador, Iris Rezende vai postular uma vaga na Câmara dos Deputados. Leandro Vilela também tem sido apontado possível candidato. O que se está dizendo é que se poderá verificar, em Goiás e no Brasil, uma reconfiguração de forças da política, dada a eleição não ter coligação. Os deputados federais, os nomes mais expressivos de cada partido, terão de cuidar das candidaturas de seus aliados. Se quiserem ser eleitos. O cociente eleitoral tende a ser menor em 2022? Talvez, sobretudo se a abstenção for alta como a de 2020. Fonte: Jornal Opção

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