quarta-feira, 21 de junho de 2017

Morador do Entorno do DF é condenado por terrorismo

Juiz federal diz que réu integrava grupo que planejava montar uma célula terrorista no Brasil e um atentado durante a Rio-2016


Daniel Ferreira/CB/D.A. Press - 2014
Mesquita da 912 Norte: Isac começou a frequentar o templo há cerca de 4 anos



Quase um ano após ser preso, Isac Pinheiro dos Santos foi condenado a seis anos em regime fechado por integrar um grupo de brasileiros que organizava uma célula terrorista e planejava um atentado nos Jogos Olímpicos de 2016. O rapaz de 29 anos é o primeiro morador do Entorno do Distrito Federal acusado e condenado por tal crime.
 
Policiais federais rastrearam redes sociais, sites acessados e as mensagens trocadas entre os suspeitos pelo aplicativo Telegram, e verificaram intensa comunicação, conclamando interessados a prestar apoio ao Estado Islâmico (EI), com treinamento no Brasil. A investigação resultou na Operação Hashtag, deflagrada em 21 de julho de 2016.
 
Desde então, Isac, que mora no Entorno e tem parentes no Distrito Federal, está incomunicável. Passou nove meses na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), a 1.100km da família. Só falou com um parente duas vezes, por meio de videoconferência. A mãe sequer sabe onde ele está. Nesse período, o rapaz de 29 anos dependeu dos serviços de um defensor público. Mas a defesa não lhe garantiu a absolvição.  
 
Correio contou a história de Isac, com exclusividade, em 4 de junho último. O processo tramitava sob segredo de Justiça, mas o jornal teve acesso ao documento por meio de advogado e parentes do réu. A condenação foi comunicada ao jornal na tarde desta terça-feira (20/6), por um tio dele, que mora no DF e acompanha o caso como pode. Pequeno comerciante, ele diz não ter dinheiro para pagar advogado particular para o sobrinho.

 
A operação

Em 21 de julho de 2016, federais prenderam 15 pessoas em nove estados e as encaminharam a Campo Grande. Alguns noticiaram a realização do “batismo” ao Estado Islâmico, conhecido como bayat – juramento de fidelidade exigido pela organização terrorista a novos integrantes. Agentes também identificaram mensagens de celular (inclusive com diálogos sobre como fabricar bombas caseiras) relacionadas à possibilidade de um ato terrorista na Rio-2016.
 
Dois acusados deixaram o presídio, em 17 de setembro, usando tornozeleiras eletrônicas. No entanto, há pouco mais de um mês, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, condenou oito. Isac ficou de fora da sentença, mas teve a prisão prorrogada por mais 30 dias. O magistrado enviou o caso à Justiça Federal em Brasília, que o remeteu à Anapólis (GO), comarca a qual está subordinada Águas Lindas (GO), cidade do Entorno onde Isac morava com a mãe.



 Renato Alves
Correio Braziliense

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