terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Pesquisa aponta que mais de 75% dos prefeitos podem disputar reeleição

A crise e alto índice de desaprovação de prefeitos, muitos desistem de um novo pleito
POR BIA MENDES

Em outubro acontece as eleições municipais, que visam eleger vereadores, vice-prefeitos e prefeitos nos 5.568 municípios brasileiros. Conforme pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), a maior parte dos gestores municipais podem se candidatar a reeleição, cerca de 75% dos prefeitos, sendo que apenas 23,6% dos atuais gestores já foram reeleitos em 2012, como os prefeitos de Goiânia e Aparecida de Goiânia, Paulo Garcia (PT) e Maguito Vilela (PMDB). A pesquisa destaca que no Centro-Oeste o número de prefeitos que podem disputar novamente o pleito é de 80%, o que equivale a 373 dos prefeitos em exercício. Em 2012, apenas oito prefeitos se candidataram a reeleição.
A pesquisa da CNM revela que a maioria dos gestores municipais que podem ser reeleitos são homens, mas a região Nordeste é a que se destaca com 17% dos atuais gestores em primeiro mandato sendo mulheres. Na região Sul há a maior concentração de homens no controle do governo local com possibilidades de manutenção na prefeitura: 91% são do sexo masculino. Outro dado levantado na pesquisa é a idade média dos candidatos à reeleição, que é de 50 anos, sendo que apenas 62 possíveis candidatos à prefeitura em 2016 têm menos de 30 anos.
Apesar da possibilidade da maioria dos prefeitos serem candidatos à reeleição, – um total de 22 dos 26 prefeitos de capitais -, alguns gestores já deixaram claro que pretendem apenas terminar o mandato, sem pretensão de nova candidatura, já que os problemas nos municípios, principalmente financeiros, têm dificultado a gestão dos prefeitos. Para o presidente da Federação Goiana de Municípios (FGM) e prefeito de Panamá, Divino Alexandre da Silva (PMDB), este é um dos momentos mais difíceis já enfrentado pelas prefeituras e, “no quadro de hoje, já há indícios de alguma desistência de reeleição devido à crise”. “Não é culpa do prefeito e a comunidade precisa conhecer e entender melhor a situação”, ressalta.
O presidente da FGM ressalta que os prefeitos que devem pleitear reeleições terão uma situação mais difícil devido a atual situação dos municípios. “É preciso aumentar o debate e repensar a gestão pública no Brasil. A comunidade precisa conhecer o que é gestão nos três níveis de governo”, aponta. Conforme especialistas que acompanham as movimentações políticas no Brasil, cerca de 60% dos prefeitos não devem se reeleger.
Para o analista político, Maurício Romão, 2016 é propício para a oposição, em especial das cidades de médio e pequeno porte, cuja arrecadação ainda é dependente dos repasses federais e que não têm receitas próprias. “O eleitor, nessas regiões, tende a centralizar a cobrança na figura do prefeito, ponta de lança da gestão. O discurso, muitas vezes fácil e promissor da oposição, acaba convencendo o votante, com o argumento de que em 2017 a situação vai melhorar, apesar de economistas apontarem que o desfecho da crise econômica não tem data”, destaca. O analista acredita que, baseado em análises de pesquisas pré-eleitorais, a oposição está com grande possibilidade de aumentar o número de prefeitos, diferentemente do que ocorreu em 2008, quando a tendência dos prefeitos era pela continuidade.
Romão explica que há duas eleições municipais, 95% dos prefeitos das capitais foram reeleitos. No entanto, passados quatro anos, o quadro começou a mudar e o número de prefeitos reeleitos despencou. Em 2012, a proporção de candidatos reeleitos caiu para 50% nas capitais. Caso os prefeitos não sejam reeleitos, o analista alerta para as dificuldades que o novo gestor terá, já que a resolução dos problemas dos municípios “não depende apenas da vontade política, mas da situação socioeconômica que o Brasil se encontra”, adverte.

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